A História dos Novos Meios de Comunicação

Patrice Flichy




Muitas histórias da informação e da comunicação podiam ser escritas: a história das instituições e das firmas; a história dos programas e dos trabalhos criativos; a história das técnicas; e a história das práticas e dos usos que, por sua vez, pode ser relacionada àquela do trabalho e do lazer, e também àquela da esfera pública. Todas estas histórias são relacionadas aos diversos campos da ciência social, e a informação e o setor de uma comunicação são demasiado vastos para apresentar aqui todas estas perspectivas. Eu escolhi fazer a análise, como tema principal deste capítulo, da questão sobre as relações entre Tecnologias de Comunicação e Informação (TCI) e a sociedade. Com este ponto de vista nós estamos no coração dos numerosos debates: debate sobre os efeitos de uma comunicação, que mobilizou por muito tempo sociólogos da mídia; debate extensivo sobre o determinismo entre historiadores das técnicas; e o debate em torno da perspectiva sócio-técnica que tem sido adotada atualmente pela maioria dos sociólogos da ciência e da tecnologia.

Nós iremos focar três pontos em particular: o lançamento e o desenvolvimento das TCIs, seus usuários em um contexto profissional e, finalmente, seus usos em um contexto de lazer.

Inovação em TCIs

A tecnologia dirige a história?

Em muitas histórias da computação, o transistor e, mais tarde, o microprocessador são considerados os elementos determinantes. Atrás desta teoria muito comum encontra-se a idéia de que o progresso técnico é inevitável e globalmente linear. Os componentes eletrônicos e as tecnologias básicas, tais como a digitalização, são vistos como determinantes da forma dos artifícios técnicos que usamos. Similarmente, estas novas máquinas são esperadas para determinar a organização do trabalho (Friedmann, 1978), as nossas atividades de lazer e, mais amplamente, nossas maneiras de pensar (MacLuhan, 1964) ou, eventualmente, a sociedade como um todo (Ellul, 1964).

Em contrapartida, outros investigadores tais como o historiador David Noble (1984) mostram claramente, através do caso das ferramentas de máquinas automaticamente controladas, que não há nenhum caminho melhor e que o efeito da técnica não pode ser compreendido sem, simultaneamente, estudar seu uso e as escolhas feitas por seus autores. Depois da Segunda Guerra Mundial, duas alternativas foram exploradas para automatizar a produção: máquinas de gravação e reprodução (automatic analogue) e máquinas de controle numérico. O autor gravou o projeto de uma peça desenhado por um operador humano e, depois, produziu cópias automaticamente. A máquina numérica, pelo contrário, não necessitou memorizar o conhecimento humano; era capaz de programar o projeto e a produção. Se a opção numérica triunfasse, não era porque era mais confiável ou mais fácil de executar, mas porque correspondeu às representações que os projetistas da corporação (futuro compradores) tiveram da produção industrial automatizada.

O controle numérico era muito mais do que uma tecnologia para corte de metais, especialmente nos olhos de projetistas do MIT que sabiam pouco sobre o corte do metal: era um símbolo da idade do computador, da elegância matemática, do poder, da ordem e da profecia, do fluxo contínuo, do controle remoto, da fábrica automática. Máquinas de gravação e reprodução, na outra mão, representaram um avanço significativo nos métodos manuais, retendo um vestígio das habilidades humanas tradicionais; como tal, contudo, nos olhos do futuro (e engenheiros sempre confundem o presente e o futuro) seria obsoleto. (Noble, 1979: 29-30)

Estudando sucessos e falhas

Uma conclusão pode ser extraída do estudo de Noble: nunca há uma única solução técnica; em regra geral, diversas soluções são estudadas em paralelo. O historiador tem que estudar estas diferentes soluções e analisar sucessos e falhas (Bijiker et al.,1987). A RCA videodisco é um bom exemplo de falha. Margaret Graham (1986) mostrou que a corporação televisiva da RCA teve tudo que necessitou para lançar com sucesso seu novo produto: um dos melhores laboratórios de pesquisa dos EUA, a pesquisa de mercado positiva, a sustentação da mídia e, finalmente, o acesso a um catálogo muito grande de programas. Apesar de todos estes recursos, RCA não vendeu mais de 500.000 cópias de seu tocador de videodisco em três anos. Um outro sistema técnico, o VCR, desenvolvido no Japão, viria dominar o mercado gerando um prejuízo para a RCA de $600 milhões. A companhia que lançou a televisão nos EUA foi comprada, eventualmente, pela General Eletric e, depois, pela companhia francesa Thomson. Assim como muitos fabricantes descobriram, uma companhia pode pagar muito caro por uma falha. A lição principal que Graham extrai deste caso é que as competências técnicas ou comerciais não são suficientes se não forem coordenadas corretamente. Aquela era a causa subjacente da falha dos videodiscos. Como os sociólogos da tecnologia mostraram: "melhor que a tomada de decisão racional, é a conversa necessária sobre o conjunto dos interesses que podem ou não podem ser produzidos. A inovação é a arte do envolvimento para crescer o número de alianças que são feitas cada vez mais fortes" (Akirich et al., 1988: 17; ver também Latow, 1987). Esta estratégia de alianças era que permitiu à France Télécom lançar seu videotex (o minitel) nos anos 1980 com sucesso. Alguns meses antes do lançamento desse novo meio, este projeto telemático colidiu com uma combinação virulenta da mídia e da oposição política. Na ocasião, France Télécom, a qual naquele tempo era ainda um escritório dos Correios Franceses (PTT), queria criar e funcionar com seus próprios sistemas. Esperou fornecer não somente a rede e os terminais mas instalar também toda a informação a ser oferecida ao público em seus próprios servidores. Outras autoridades européias de correio e de telecomunicações optaram pelo mesmo esquema. Entretanto, enfrentada com oposição intensa, France Télécom suportou pouco e decidiu mover-se de um sistema fechado para um aberto com o qual poderia transformar-se em um fornecedor de serviços. France Télécom transportou simplesmente a informação e tomou cuidado com o faturamento (com uma parte do rendimento pago de volta ao fornecedor). Devido às parcerias com fornecedores de serviço e, especialmente, com a imprensa, 20 por cento de casas francesas adotaram o novo serviço (Flichy, 1991). [1]

Objetos de ponta

Atrás de perguntas sobre a coordenação dos projetistas dentro de uma companhia ou das parcerias com a parte externa, coloca-se a pergunta da mobilização das diferentes partes concernidas pela inovação: Engenheiros da R&D, especialistas em marketing, vendedores, reparadores, companhias parceiras (fabricantes dos componentes, fornecedores satisfeitos, etc.) e também usuários. Em uma aproximação interacionista, os sociólogos usaram a noção de objetos de ponta. Estes são objetos situados na interseção de diversos mundos sociais simultaneamente. São os objetos que são suficientemente plásticos a se adaptarem às necessidades locais e aos confinamentos de diversas partes que os empregam e também robustos bastante para manter uma identidade comum (Star e Griesemer, 1989: 393). Um objeto de ponta é o resultado da interação complexa entre os diferentes atores inquietos. Este é o oposto exato da idéia ingênua da inovação gerada (ready-made) pela mente do inventor. A história da Macintosh ilustra claramente este ponto. Dois computadores que usam o princípio de janelas gráficas foram produzidos simultaneamente em Apple: Lisa, uma falha, e Macintosh, máquina principal da companhia californiana. Lisa foi projetado em uma estrutura organizacional incômoda, com uma estrita divisão das tarefas entre as equipes. Macintoch, pelo contrário, foi desenvolvido por uma pequena equipe, compacta e unida em que as escolhas feitas por indivíduos foram discutidas sempre coletivamente. Os colaboradores dos programas deram suas opiniões sobre os equipamentos pesados (hardware) e vice-versa. Além disso, as pessoas encarregadas de construir a fábrica, do marketing e das finanças foram incluídas nestas discussões. Esta negociação contínua fez com que o projeto fosse emendado mais de uma vez. Um computador originalmente projetado para o público geral foi substituído, eventualmente, pelo Lisa como uma máquina de escritório. A simplicidade de seu uso, imaginada em princípio, era uma das características mais atrativas deste computador (Guterl, 1984). O Macintosh é um computador situado no limite entre o equipamento pesado e os programas, entre o especialista em computador e a pessoa leiga. [2]

Dependência do Caminho

Enquanto a perspectiva de objetos de ponta for útil para o estudo de casos específicos, precisa-se de outras perspectivas para analisar uns fenômenos mais a longo prazo. O conceito de Dependência do Caminho planejado pelo economista e historiador Paul David é particularmente esclarecedor. Com o paradigmático exemplo do teclado da máquina de escrever que não evoluiu desde sua invenção, David (1985) constrói um modelo que compara o crescimento dinâmico a uma árvore. Em cada filial os atores enfrentam uma escolha. Esta escolha pode às vezes ser ligada a um elemento menor, mas uma vez que uma solução foi escolhida por um grande número de atores, ela torna-se relativamente estável. O resultado de escolhas iniciais é relativamente imprevisível, mas chega um momento em que uma técnica ou uma modalidade industrial da organização são impostas, com um fenômeno resultante de fechamento.

A entrada da IBM no mercado de computadores é um exemplo interessante da dependência do caminho. Big Blue estava ciente que este era um mercado inteiramente novo e que necessitava encontrar uma modalidade específica da organização para produzir um computador fundamentalmente diferente. Uma força tarefa foi estabelecida para produzir e introduzir este microcomputador no mercado, independentemente do descanso da companhia. Ao contrário de Apple e da tradição verdadeira da IBM, ela escolheu uma arquitetura aberta não protegida por patentes. Isto significou que os usuários poderiam comprar periféricos e programas de outras companhias. A força tarefa decidiu-se também por quebrar a tradicional integração vertical da IBM. A unidade central de processamento seria, assim, comprada da Intel e o sistema operatório da Microsoft. Havia duas razões principais para esta política: o desejo de ser reativo e do pequeno circuito funcionar usualmente; e o desejo de mostrar ao Departamento de Justiça que a IBM tinha parado com o seu comportamento monopolista. A estratégia foi um sucesso. Em 1982, o primeiro ano cheio de produção, a IBM microcomputadores totalizou rendimentos de £500 milhões e, em 1985, £5,5 bilhões, "um recorde do crescimento do rendimento nunca ultrapassado na historia industrial" (Chandler, 2000: 33). Mas isso teve também uma série de efeitos inesperados. Quando o aparecimento de concorrentes (os produtores de clones e programas especializados) era parte do jogo, a posição chave oferecida à Intel e, em uma extensão maior, à Microsoft (Cusumano, 1995) era muito menos profetizada. Estas duas companhias transformaram-se rapidamente nos dois jogadores principais da indústria de microcomputadores, no custo da IBM.

A Internet é um outro caso de história da dependência do caminho. Tem-se dito, às vezes, que a ARPANET, antepassado da rede das redes, foi construída para que o exército dos Estados Unidos pudesse manter ligações de comunicação no caso de um ataque soviético. Na ocasião, esta rede teve um alvo distante mais modesto: devia ligar os computadores dos departamentos das universidades que trabalhavam para ARPA, a agência avançada de pesquisa do Departamento de Defesa Americano (Hafner e Lyon, 1996: 41. 77). As companhias da telecomunicação e, especialmente, a AT&T recusaram construir esta nova rede de dados. Ela foi, conseqüentemente, projetada pelos especialistas em computação que têm uma nova visão sobre o computador, adaptando a comunicação entre máquinas da mesma classe. Esta comunicação mediada pelo computador era profundamente diferente dos sistemas centralizados e hierarquizados da IBM ou de uma rede de trabalho por telefone. No princípio, a ARPANET era uma rede altamente descentralizada que parava na entrada da universidade. Esta arquitetura técnica deixou um grande grau de deriva com cada local podendo se organizar separadamente enquanto desejavam acatar equipamentos pesados e programas e poder criar sua própria área de rede local. O único constrangimento era a necessidade de ser capaz de conectar em uma relação. Estas escolhas técnicas em favor da descentralização deviam também ser encontradas na organização do trabalho que necessita desenvolver a rede. A construção da rede incumbiu uma pequena companhia proximamente ligada ao MIT. Esta companhia não tratou de problemas técnicos propostos pela troca de dados além da interface, considerando que eram responsabilidades das universidades. Ao contrário do sistema time-sharing desenvolvido pela IBM, em particular, no qual o computador central está em uma posição master-slave aos terminais, os computadores com o uso da ARPANET estavam fundamentados com terminais iguais.

Visto que a ARPANET foi lançada e coordenada pela ARPA, a Usenet, que constituiu um outro ramo sobre o que se transformaria na Internet, foi desenvolvida cooperativamente pelos centros de pesquisa não ligados à ARPANET. A Usenet não teve seu próprio financiamento. Os administradores do sistema eram os cientistas do computador que participaram em uma base voluntária, fazendo o espaço em seus discos rígidos para gravar a notícia e transmitindo-a pelo telefone.

A Internet foi projetada na segunda metade dos anos 1970 como "uma arquitetura da rede interna", isto é, um metaprotocolo para a interação entre as redes construídas em princípios diferentes. A idéia de uma arquitetura aberta deixou total autonomia total a esta rede. Desde que o metaprotocolo controla somente a interação entre redes, cada rede individual pode manter sua própria modalidade de funcionamento, além disso, a Internet não tem nenhuma autoridade central. A sociedade da Internet é somente uma estrutura de coordenação associada. As aplicações propostas na ARPANET ou na Internet (e-mail, grupos de notícias, base de dados que compartilham e, mais tarde, o World Wide Web) foram propostas por projetistas diferentes e podem ser usadas por qualquer um deseje (Norberg e O´Neill, 1996; Abbate, 1999).

Os dois princípios principais da descentralização e do livre acesso em que a Internet está, essencialmente, enraizada pela funcionalidade acadêmica de seus fundadores. Quando a Internet subseqüentemente se transformou em um sistema de comunicação para o público geral, estes dois princípios foram perpetuados a uma grande extensão. A rede não é mais controlada por um único operador, e uma quantidade grande de programas, especialmente browsers, circula livremente na web, ao menos em sua fórmula mais básica.

Representações dos Engenheiros

As escolhas iniciais que influenciarão profundamente a trajetória de uma tecnologia são relacionadas não somente às decisões eventuais, mas também às representações dos seus projetistas. Assim, os pais da Internet, como Licklider ou Engelbart, pensaram que a computação era não somente uma ferramenta de cálculo, mas também os meios de uma comunicação. Hiltz e Turoff consideraram que uma vez que uma comunicação mediada pelo computador era difundida "nós nos transformaríamos em um 'nação rede', trocando grandes quantidades de informação e de comunicação emocional e social com os colegas, amigos e desconhecidos que compartilham de interesses similares, que são espalhados por toda a nação" (1978: xxvii-xxiv). Este tema da criação da inteligência coletiva através das redes de trabalho deveria mobilizar muitos especialistas em computação nos anos 1970 e 1980, e para apelar fortemente aos usuários. A placa de boletim californiana WELL, por exemplo, funcionou em torno dessa idéia (Rheingold, 1994).

Nós encontramos, similarmente, um projeto comum entre hackers, aqueles novos entusiastas do computador que deviam fazer uma parte essencial do projeto dos primeiros microcomputadores (Freiberger e Swaine, 1984). Eles compartilharam dos mesmos princípios:

  • o acesso aos computadores deve ser ilimitado e total;
  • toda a informação deve estar livre;
  • autoridades desconfiadas promovem a descentralização;
  • os hackers devem ser julgados por seus atos, não por critérios espúrios tais como graus, idade, raça ou posição;
  • você pode criar a arte e a beleza em um computador;
  • os computadores podem mudar sua vida para o melhor. (Levy, 1985: 40-5)

    Eles consideravam que a computação era um dispositivo para disponível a tudo, que poderia ajudar a construir uma sociedade nova.

    A imaginação tecnológica é um componente chave do desenvolvimento da tecnologia. Sem os mitos produzidos pela cultura calculista americana nos anos 1970. O microcomputador teria provavelmente remanescido a uma mera curiosidade. A ideologia de uma computação para tudo, em uma forma descentralizada, de repente concedeu uma nova dimensão aos hackers: consertar em suas garagens. Entretanto, nós podemos falar da influência da cultura calculista no projeto do microcomputador somente se nós consideramos que havia os hackers que escolheram associar os valores da cultura calculista à sua paixão pela computação. Eles definiram os problemas que escolheram para combater. A ideologia da comunidade sozinha não criou o microcomputador; ou melhor, produziu uma forma mítica do seu uso. As bases das atividades dos hackers era sua imersão na cultura calculista e no mundo de consertar computador; estes dois componentes não somente se justapõe como foram ligados de forma muito próxima. Os laços necessitados para o estabelecimento de uma forma sócio-técnica permanente foram construídos pelos atores; os sonhos tecnológicos ou sociais não tiveram, assim, nenhum poder à exceção dos meios fornecidos para a ação.

    Este tipo de estudo sobre as representações dos projetistas de ferramentas da informação foi feito também por Simon Schaffer (1995) no cálculo motor do Babbage, considerado geralmente o antepassado mecânico do computador. Babbage, um matemático de Victoriano, pesquisou também a divisão do trabalho observada nas fábricas e o Observatório Real de Greenwich onde dúzias de empregados fizeram cálculos de manhã até a noite para preparar tabelas matemáticas. Para tornar a produção dos bens e dos cálculos mais eficientes, era necessário automatizar o sistema de fábrica. Apenas porque Jacquard havia mecanizado o seu famoso tecer com seu tear, assim Babbage também quis mecanizar a produção de tabelas numéricas. Ele esperava favorecer a produção das tabelas que eram perfeitamente exatas e livrá-las de todo o erro humano. Mas Schaffer faz mais do que a analogia entre a máquina de Babbage e o sistema de fábrica. Ele desenhou um mapa dos lugares e das redes com as quais a credibilidade da máquina de Babbage estava avaliada regularmente. Embora a máquina nunca fosse totalmente operacional, foi exibida freqüentemente para contribuir com a produção de uma necessidade que ela não poderia atender inteiramente.

    Representações dos Meios de Comunicação

    É interessante de se observar também as representações das técnicas e não somente seus inventores mas também seus primeiros usuários. Susan Douglas estudou entusiastas da telegrafia sem fio, cuja paixão por esta nova popularizou a invenção de Marconi e atraiu a atenção da imprensa. A curta história de 1912 é um bom exemplo destas representações de um novo meio. Nela, Francis Collins descreve as práticas de novos usuários da telefonia sem fio:

    Imagine uma gigantesca teia com inúmeros fios iluminando a partir de Nova Iorque mais do que mil milhas sobre a terra e o mar em todas as direções. Em sua estação, nosso operador pode ser comparado a uma aranha, atenta, vigilante, prestando atenção no tremor o mais fraco de suas extremidades na fábrica invisível... Estes operadores, milhares de milhas distante, conversam e gracejam um com o outro como se estivessem no mesmo quarto. (Douglas, 1987: 199)

    Este é claramente um novo tipo de imaginário de uma comunicação que Collins está propondo. Este discurso utópico, de que não somente os potenciais usuários mas também de que tudo indicado pelo telefonia poderia servir para a sociedade e os indivíduos, estava se transformando uma realidade. Todos poderiam comunicar-se imediatamente e independentemente com uma pessoa muito distante, sempre que quiseram. A comunicação estava livre no sentido de que não dependia do telégrafo ou de operadores de telefone e conseqüentemente não precisava pagar por isso. Como Susan Douglas diz: "o éter era uma nova e emocionante fronteira em que os homens e os meninos poderiam congregar, competir, testar seu ânimo, e ser particular na sua gama de novas informações. A ordem social e o controle social estavam definidos" (1987: 214)

    Após a Primeira Guerra Mundial uma nova "mania da telefonia" surgiu. Este momento interessou a telefonia sem fio, que em breve se transformaria em transmissão via rádio. Este novo dispositivo deveria também criar um novo sentimento de comunidade. Douglas, em "O destino social do rádio" escreveu: "Como é fina é a textura da teia que o rádio está agora entrelaçando! Está conseguindo atingir a tarefa de fazer com que sentimos juntos, pensamos juntos, vivemos juntos" (Douglas, 1987: 306)

    As utopias da Internet, que em um sentido foram relacionadas àqueles do rádio, também mudaram quando a nova tecnologia deixou os projetistas do mundo das universidades e os grupos dos hackers (Flichy, prestes a chegar). Por exemplo, os primeiros manuais para o público em geral deram uma representação coerente com a da rede que combinou as características de comunidades científicas e daquelas comunidades de entusiastas eletrônicos. Um destes guias considerava que os internautas "livres de limitações físicas... estão desenvolvendo novos tipos de comunidades coesivas e eficazes - as quais são definidas mais pelo interesse comum e pela finalidade do que por um acidente da geografia, nas quais o que conta realmente é o que você diz, pensa e sente, e não como você olha" (Gaffin e Kapor, 1991: 8-9) Rheingold considera que as comunidades virtuais unem indivíduos de todos os cantos do mundo, que trocam a informação ou experiências. Mais amplamente, constroem laços de cooperação e desenvolvem conversas que são tão intelectual e emocionalmente ricas quanto aquelas da vida real. É um mundo de interação equilibrada entre iguais. E também, a rede pode tornar possível não somente o trabalho de forma coletiva mas também para restabelecer um debate público e uma vida democrática (Rheingold, 1994).

    Mais tarde a imprensa começou a escrever extensivamente sobre a Internet. Em 1995 um editorial do Times escreveu que:

    A maioria de sistemas convencionais do computador são hierárquicos e privados; funcionam a partir da cópia de programas em uma estrutura da pirâmide que da poderes ditatoriais aos operadores de sistema que estão sentados no topo. A Internet, pelo contrário, é aberta (sem proprietário) e apaixonadamente democrática. Ninguém a possui. Nenhuma organização a controla. Ela está em curso como uma comunhão com 4,8 milhões de membros ferozmente independentes (chamados de anfitriões). Ela cruza limites nacionais e não responde a nenhum soberano. É literalmente independente... Soltadas as armadilhas externa da riqueza, do poder, da beleza e do status social, os povos tendem a ser julgados no ciberespaço da Internet somente por suas idéias. (Times, edição especial, março 1995: 9)

    A Newsweek considerou o ano de 1995 como o ano da Internet. Abriu sua edição de final de ano com a seguinte frase escrita através de quatro páginas: "Isto muda ... tudo" (Newsweek, dupla edição especial, 2 de janeiro de 1996). O editorial escreveu que a Internet é "o meio que mudará a maneira que nós nos comunicamos, comprarmos, publicarmos e (assim que o topo da cibersmut for advertido) será censurada".

    Assim, com a Internet, como a telefonia sem fio, nós encontramos dois exemplos sobre a "retórica da sublime tecnologia" que Leo Marx (1964) já referido com respeito ao motor a vapor. Esta retórica não obstante faz um exame da forma específica dos sistemas de comunicação, porque concerne não somente um domínio particular da atividade produtiva mas também as ligações sociais e, mais geralmente, a maneira pela qual a sociedade é constituídas. As utopias da comunicação da telefonia sem fio e da Internet são razoavelmente similares. Referem sucessivamente a uma comunicação interpessoal, a grupos de comunicação e, mais tarde, a uma comunicação de massa. Em longa escala, ambas as tecnologias adquiriram logo uma dimensão internacional, de modo que pudessem cobrir o planeta inteiro, as utopias concederam também muita importância ao sentimento de ubiqüidade encontrado menos fortemente em outros meios elétricos ou eletrônicos. Finalmente, estas utopias enfatizaram os princípios da liberdade e do livre acesso que caracterizam o desenvolvimento destas duas tecnologias. Foram definidos no contraste aos dois principais sistemas técnicos do tempo: o telégrafo e telefone no exemplo da tecnologia da telefonia sem fio; e a ausência da compatibilidade entre sistemas de computadores, junto com a visão centralizada e hierarquizada das redes de dados que a IBM encarnou, no exemplo da Internet.

    TCI´s na esfera profissional

    As comparações históricas entre os séculos dezenove e vinte são igualmente esclarecedoras ao considerarem o papel das TCIs na atividade econômica. James Beniger mostra que a revolução industrial esteve acompanhada pelo que ele chama "a revolução do controle". As mudanças na escala da atividade produtiva necessitaram novas modalidades de organização, por exemplo a organização burocrática desenvolvida pela locomotiva, a organização de processamento de material criada nas indústrias, nas telecomunicações usadas pela distribuição, e nos meios de massa usados pelo marketing. Para ele, a informação está no centro desta revolução do controle que continuou se desenvolvendo na segunda metade do século vinte. "A tecnologia de microprocessadores e computadores, contraria a opinião corrente em moda, não representa uma nova força somente desencadeada recentemente em uma sociedade despreparada, mas na prestação mais recente do desenvolvimento continuo da Revolução do Controle" (Beniger, 1986:435).

    A primeira geração de máquinas de escritório

    Deixe-nos considerar em mais detalhes este século dezenove e suas ferramentas de informação e de comunicação que deviam facilitar a organização do negócio e dos mercados. O telégrafo era um elemento decisivo na organização dos mercados, principalmente com relação ao estoque do mercado. Na Europa a transmissão da informação sobre o estoque do mercado foi o primeiro uso que a telegrafia postou, nos anos 1850, e isto facilitou a unificação de valores (Flichy, 1995 46-50). Nos Estados Unidos o telégrafo, na conjunção com a estrada de ferro, tornou possível a unificação de mercados regionais e criação de um grande mercado nacional da costa do leste ao oeste (DuBoff, 1983). Facilitou também a criação de empresas com negócios em grande escala que fizeram economias enormes nas possíveis escalas e espaços. O telégrafo e as companhias de estradas de ferro eram o protótipo de tais empresas. As mensagens ou novidades que circulavam de um a outro continente norte-americano exigiam uma coordenação complexa e não puderam ser organizadas apenas pelo mercado. Necessitou a criação das grandes corporações de variados lugares que descentralizaram responsabilidades e criaram simultaneamente a coordenação funcional no financiamento e na pesquisa técnica (Chandler, 1977). As companhias de estradas de ferro que usaram o telégrafo para controlar o tráfego processaram estes dados e desenvolveram, assim, os primeiros métodos de gerência aplicados subseqüentemente em outros setores industriais. Com o aumento no tamanho das firmas, a coordenação do trabalho foi modificada profundamente. Em pequenas firmas pré-industriais o proprietário e alguns artesãos hábeis organizaram o trabalho verbalmente. A escrita era reservada para uma comunicação com a parte externa. Pelo contrário, a escrita de grandes firmas industriais estava sendo muito usada na coordenação interna. Os gerentes deviam, assim, estandardizar processos de produção através dos manuais ou de cartas circulares. Os manuais sobre vendas foram entregues aos agentes de vendas a fim estandardizar preços e o processo da venda deles próprios. O desenvolvimento da contabilidade, que tornou possível calcular custos precisamente e determinar os melhores preços, também usou a escrita (Yates, 1989). No trabalho industrial, este uso de documento escrito foi sistematizado, no final do século, no Taylorismo. A existência das instruções escritas dadas pelo departamento dos métodos a cada trabalhador era um dos elementos básicos da organização científica do trabalho (Alfaiate, 1911). O trabalho de escritório também aumentou substancialmente. Nos Estados Unidos o número de trabalhadores de escritório cresceu de 74,000 em 1870 a 2,8 milhões em 1920 (Yates, 2000: 112). Para produzir e controlar este papel surgiram várias ferramentas: a máquina de escrever, a roneo machine, a calculadora, e também móveis para arquivar e armazenar os documentos, etc... Todos estes dispositivos eram, em um sentido, a primeira geração de máquinas de processamento de dados. Nós testemunhamos, assim, diversas evoluções paralelas: o crescimento do tamanho das firmas, o aumento do número de documentos escritos, e o surgimento de novas máquinas. Mas Joanne Yates (1994) mostrou claramente que estas evoluções não estariam articuladas necessariamente a uma outra sem um lócus da mediação e dos incentivos à mudança. A literatura relativa à gerência que se desenvolveu naquele tempo, bem como as primeiras escolas de negócios, deviam propor métodos de gerência e recomendar o uso de novas máquinas de escritório. Para esta nova ideologia administrativa, escrever era o procedimento mais apropriado para ajustar a coordenação eficiente entre os diferentes atores da firma. Esta sistemática de gerência também propôs ferramentas de gerência.

    Mainframe (computador de grande porte) e organização centralizada

    A computação, projetada ao encontro com cientistas e as necessidades da força de defesa (Campbell-Kelly e Aspray, 1996), não encontrou imediatamente seu lugar na atividade administrativa. Dez anos após o surgimento da computação, um pioneiro tal como Howard Aiken poderia ainda escrever: "se pudesse tirar as lógicas básicas de uma máquina projetada para a solução numérica de diferentes equações, estas coincidiriam com as lógicas de uma máquina projetada para fazer contas para uma loja de departamento, eu consideraria isto como a coincidência mais admirável que eu já encontrei sempre" (citado por Ceruzzi, 1987: 197). O deslocamento das máquinas de cálculo às máquinas de gerenciamento foi feito por companhias que já tinham uma grande experiência técnica e comercial em seu cartão sobre a tecnologia, tal como a NCR, a Burroughs e, naturalmente, a IBM (Cortada, 1993).

    Assim, quando a IBM construiu os primeiros computadores de grande porte (mainframe) sua nova organização do negócio tão bem quanto se poderia conceber e sua estrutura foi adaptada à forma dominante da organização: a hierarquia funcional multidividida. Um sistema da base de dados como o Sistema de gerenciamento da Informação (IMS- Information Management System) refletiu claramente esta hierarquia organizacional (Nolan, 2000: 220).

    Este paralelo entre as estruturas técnica e organizacional é também observado pelos sociólogos franceses do trabalho que perceberam que, apesar do discurso utópico de especialistas da computação sobre os efeitos estruturais dos computadores no processamento e na circulação da informação, a computação não introduziu nenhuma mudança nas empresas: pelo contrário, reproduziu a ordem existente (Ballé e Peaucelle, 1972). Para compreender isto, nós precisamos examinar em detalhe o trabalho de especialistas em computação nas empresas. Para racionalizar a circulação e o processamento da informação eles começaram pelo traçado de linhas de direção. Analisou-se, primeiramente, a funcionalidade existente mas, desde que alguns deles tivessem todas as habilidades particulares a respeito das melhores modalidades da organização, eles simplesmente formalizaram as regras escritas. Quando não havia nenhuma regra eles tiveram que formulá-las a partir da hierarquia. O programa do computador devia assim incorporar todas estas regras em um sistema automático de processamento de dados e de circulação. A dobra das regras que caracteriza toda a burocracia tornou-se assim mais difícil. Desta maneira a computação rigidificou procedimentos renovando-os. Nós podemos considerar, como Colette Hoffsaes, que:

    enfrentado com a inabilidade de saber as regras de funcionamento das organizações, o passado foi repetido... Os especialistas em computação tiveram um projeto para a mudança mas não estavam em uma posição para mudar os alvos que eles conheciam incorporados nas operações. Particularmente, eles deviam ajudá-los a fazer melhor o que eles já fazem. Eles também poderiam mediar o nível do processo, a estabilidade com a qual eles tendem a crescer.

    A computação não obstante trouxe algumas mudanças. O papel daqueles que Peter Drucker (1974) chama de "trabalhadores do conhecimento" ou "gerentes profissionais" aumentou. Sua nova missão na organização não era controlar outras; pelo contrário, ela foi definida pelo seu próprio trabalho. Além disso, as tarefas dos executivos tornaram-se mais rotineiras e menos qualificadas. A divisão do trabalho foi acentuada e a Taylorização do trabalho terciário emergiu. Quando os dados foram codificados pelos departamentos que os produziram (pagamento, contabilidade, etc.), foram capturados então em oficinas centralizadas nas quais os perfuradores de cartão (punch cards) e seus controladores processaram-nos. Os perfuradores de cartões foram processados pelos operadores de teclados em grandes ambientes de computadores. Mais tarde, os dados retornaram ao serviço que os tinha produzido.

    As telecomunicações dos dados e o uso "de terminais silenciosos" deviam modificar um pouco o processo. Eles tornaram possível a integração em uma única máquina da codificação e fechamento dados tão bem quanto sua atualização. Grandes oficinas de computação foram, conseqüentemente, fragmentadas e as atividades da captação de dados, que haviam se tornado mais qualificadas, foram movidas para perto dos serviços da produção dos dados ou em alguns exemplos tornaram-se parte dela. Em paralela, o número de cargos de gerência júnior foi reduzido agudamente. A divisão do trabalho e seu controle passaram a ser feitos daqui por diante pelo melhor sistema de computador que pela hierarquia. Contudo a organização incorporada mudou pouco. Aqueles primeiros computadores de trabalho em rede eram extremamente hierarquizados e o novo dispositivo tinha sido projetado e organizado centralmente pela divisão do processamento de dados.

    Do ponto de vista dos gerentes, a situação era um tanto diferente. Devido aos recursos e possibilidades tidas a gerência da computação, por cada gerente, no nível de gerência incorporada, nas divisões e mesmo nos departamentos, teve uma indicação financeira em intervalos regulares. Com acesso quase imediato a esta informação, o modelo incorporado dos Estados Unidos, em que cada gerente é responsável para o rendimento gerado por sua unidade, estava apto para funcionar eficientemente (Nolan, 2000: 229).

    Microcomputação e a tentação de descentralizar

    Quando a computação de computadores de grande porte foi inicializada e desenvolvida por gerentes a fim automatizar tarefas rotineiras de processamento de dados, o microcomputador foi adotado em um nível popular. Uma outra corrente de sociólogos franceses do trabalho, que não estudaram os fenômenos da reprodução mas dos elementos do transformação, fatos que causarão impacto no futuro, estudaram de perto a difusão da microcomputação. Estes sociólogos mostraram que eram os empregados que tinham uma quantidade justa de autonomia na organização de seu trabalho (secretárias, arquivistas, etc. pessoais.) quem agarrava esta nova ferramenta e propunham as pequenas aplicações adaptadas ao seu ambiente imediato: gerenciamento de licença, monitoramento de orçamentos, base de dados bibliográficos, etc... (Alter, 1991)

    Estas pessoas inovadoras transformaram-se mais tarde em peritos em microcomputação e adquiriram assim uma nova legitimidade e um pouco mais poder. Em um novo mundo técnico que era particularmente incerto porque os usuários não receberam suporte das divisões de processamento de dados, que foram opostas aos computadores naquele tempo, estes primeiros usuários logo se tornaram as pessoas que não somente dominavam esta nova tecnologia como também eram capazes de a usar para melhorar sua própria produtividade. Esta situação corresponde a um modelo da inovação estudado por Hippel (1988). Ele considera que os usuários finais são freqüentemente essencialmente inovadores. Não necessitam de muita perícia técnica para encontrar novos usos. Sua força deriva-se do contato próximo com problemas diários que os novos dispositivos têm que resolver. Este modelo de difusão descontrolada devia espalhar-se rapidamente porque os investimentos nos microcomputadores eram suficientemente pequenos para permitir que muitos departamentos tomassem suas decisões a respeito pro si mesmos. Assim, o contato foi feito diretamente entre vendedores e usuários, ao longo das linhas do modelo que se assemelha a um mercado para o grande público melhor que um mercado de negócio.

    Contudo estas inovações encontram uma grande oposição. À parte das divisões de processamento de dados que viram o computador como uma alternativa tecnológica que eles não poderiam controlar, a gerência média também o viu como um potencial desafio à organização, com grande autonomia de seus empregados. Pelo contrário, a gerência superior viu os microcomputadores como uma oportunidade de criar um poder contador vis-à-vis na divisão de processamento de dados. Estas iniciativas locais desenvolveram-se, como uma experiência. Inicialmente aceitou-se uma diversidade de modelos de computação nos vários serviços.

    Quando este modelo fragmentado da inovação tornou possível mobilizar as iniciativas múltiplas, tinha também um potencial de desordem e ineficiência. Assim, em um segundo estágio, a gerência examinou o governo, na colaboração com as divisões de processamento de dados que foram forçadamente incluídas no plano do computador. O projeto era substituir parcialmente a computação nas ilhas da organização pelo sistema de informação totalmente integrado (Cerruti e Reiser, 1993). O ajuste sobre o sistema estava pousado não somente em problemas técnicos mas também nos problemas organizacionais, pois estas novas máquinas permitiram a automatização mas também uma maneira diferente de pensar e de gerenciar. Zuboff (1988) mostrou claramente que informatização e a automatização são as duas faces dos computadores nas empresas.

    Rede digital e distribuição interativa

    Quando nós pudermos dizer que os computadores de grande porte desenvolveram uma maneira centralizada, enquanto o microcomputador começou descentralizado, Intranet e trabalhos em rede na comunicação de dados correspondem a uma modalidade mais interativa no desenvolvimento da computação. Bar et al. (2000) construíram assim um modelo cíclico do desenvolvimento de redes digitais. Inicialmente, a Intranet foi usada para automatizar processos existentes do trabalho, por exemplo para organizar a circulação dos documentos em uma firma. Era uma maneira de realçar a eficiência e de melhorar a produtividade. Uma vez que a rede era vantajosa, poderia ser usada para as outras finalidades tais como buscas da informação no pedido ou em procedimentos administrativos simples, por exemplo organizando o fornecimento, pedidos de saída, etc... Com esta fase experimental, as novas tecnologias de comunicação tornariam a organização melhor. A terceira fase poderia então começar, na qual a empresa deveria reorganizar e modificar simultaneamente suas redes digitais.

    A pesquisa sobre firmas francesas alcançou conclusões similares (Benghozi et al., 2000). Estes autores perceberam o desenvolvimento em fases, embora a computação fosse iniciada pela experimentação local ou por uma decisão da gerência superior. Contudo a rede de trabalho expandiu-se somente onde havia a articulação entre as duas fases. A idéia era construir um dispositivo de aprendizagem em um contexto de desordem controlado. Se nós revirmos agora a melhora das redes digitais, nós notaríamos que os efeitos na organização foram diversos. Dentro de um único setor do negócio, tal como a imprensa, as escolhas organizacionais diametralmente opostas foram observadas. Em um jornal do oeste de França, a equipe de funcionários do editorial local dedica um pequeno tempo para a computação, a qual é deixada aos empregados previamente responsáveis para ajustar o jornal. Este é um caso onde o fluxo de trabalho computadorizado não determina a divisão do trabalho. Pelo contrário, em um jornal do norte, a introdução de um sistema integrado de computação modificou radicalmente a organização do trabalho. Em escritórios locais a mesma pessoa faz o trabalho de investigação e composição (Ruellan e Thierry, 1998). Estes dois modelos em contraste mostram claramente que nestes casos a introdução do trabalho em rede computadorizado não traz, nele próprio, um indício de nova organização. Assim, se não há um determinismo técnico, há um determinismo organizacionla? Pode parecer que sim, dado isso em muitos casos a qualificação da Intranet ou de dispositivos cooperativos em empresas de pequeno porte relaciona-se a uma mudança substancialmente organizacional. Na realidade, tal reorganização é atualmente uma oportunidade de introduzir estas novas ferramentas.

    Os vários estudos citados, nos Estados Unidos e na França, são aterrados assim em uma concepção na qual a tecnologia se co-desenvolve com a organização e seus membros (Leonard-Barton, 1988; Orlikowski, 1992). Eles, conseqüentemente contrastam com o discurso atual da revolução da organização do trabalho gerada por redes digitais.

    TCIs e a vida privada

    O declive gradual do público à esfera privada

    A história da tecnologia de informação na esfera privada, como no mundo do negócio, origina-se no século dezenove. A vida pública mudou profundamente durante esse período. Richard Sennett (1977) considera que ela perdeu seu caráter de convivência e de interação, para transformar-se em um espaço em que as pessoas misturam-se em silêncio. No que diz respeito a "vida confidencial pública" ele fala sobre o "devaneio" (daydreaming), referindo-se ao mesmo fenômeno que Edgar Allan Poe expõe em "The man of the crowd" (1971) ou Boudelaire em seu estudo sobre o passeio. Nesse trabalho Baudelaire apresentou um indivíduo em diferentes lugares ora fora de sua casa ora em casa. Esta articulação entre público e privado é também característica do teatro. Por uma boa do século, o teatro era, sobretudo, um lugar para a interação social. O camarote era uma espécie de sala de visitas onde as pessoas poderiam conversar, observar os outros e prestar atenção à peça. Aos poucos, tornou-se mais usual desligar as luzes do salão e focalizá-las no palco. Os espectadores tiveram que escutar no silêncio. Novos teatros foram projetados permitir aos espectadores a visão, sobretudo, das peças. Os teatros receberam assim uma multidão solitária; o público era uma entidade em que os indivíduos experimentaram suas emoções separadamente (ver Flichy, 1995: 152-5).

    Nós encontramos também esta dialética entre esferas públicas e privadas no começo da fotografia. No meio do século dezenove o retrato da foto, uma imagem confidencial, tornou-se o uso principal do novo meio. Mas os fotógrafos que tiraram estes retratos adaptaram-se aos lugares urbanos mais freqüentados. Seus estúdios transformaram-se verdadeiras atrações urbanas. Por dentro, eles foram decorados como salões de visitas; por fora, longas coleções de diversos retratos ostentadas no pavimento. Em suas janelas as cópias de diversos retratos foram exibidas, por exemplo, coroaram cabeças, artistas, indivíduos que são bonitos pela natureza, mas também os retratos de pessoas ordinárias (Mary, 1993: 83-4). Assim, se o homem na rua tivesse o seu retrato tirado para dar a sua família, seu retrato tornar-se-ia também público.

    Este jogo entre imagens públicas e privadas apareceu em diversas relações. Pessoas ordinárias eram fotografadas em poses estereotipadas; elas escolhiam o cenário em um catálogo e o fotógrafo freqüentemente transformava o retrato para torná-lo mais próximo aos padrões atuais da beleza. As pessoas importantes, na outra mão, indicavam detalhes de suas vidas confidenciais além de suas poses oficiais. Além disso, com a multiplicação das cópias a fotografia não foi mais usada somente para lembranças privadas; transformou-se em um meio. As pessoas têm geralmente entre 10 e 100 cópias de seu do "retrato" ou "cartão de visitas com foto" impressas, mas em alguns casos dez de milhares das cópias foram feitas. Estes retratos foram postos em álbuns com fotografias não somente da família e de amigos mas também de celebridades compradas por publicações especializadas. A obrigatoriedade dos álbuns jogou sobre o secreto uma representação de ambiguidade; freqüentemente são decorados belamente e algumas vezes têm um fechamento para proteger a privacidade do proprietário.

    O debate entre meios privados e coletivos apareceu também no começo do cinema. Edison pensou que seu kinetoscópio poderia ser instalado em lugares públicos, para ser usado por indivíduos (Clark, 1977). O sucesso do projetor proposto pela Lumière e outros inventores foi, pelo contrário parte integrante do fato que adaptou a tradição a mostras coletivas. O conteúdo propôs, como aquele dos outros meios visuais, girado em torno da atração dupla da vida diária e da fantasia. A idéia era mostrar algo que surpreendesse por sua familiaridade e por sua estranheza. Lumière focalizou mais na anterior, com cenas da vida diária na esfera confidencial ("Le dèjeuner de bébé", " La dispute de bébé", etc.) e na pública ("La sortie des usines Lumière", "L'arrivé du train em gare de la Ciotat", etc.). Em suas primeiras projeções Lumière era também operador da câmara. Eles filmaram cenas nas cidades em que viviam e as mostravam na mesma noite a um público que gostaria de se reconhecer no filme.

    Esta cultivação da beleza pelo cinema fez com que as pessoas se familiarizassem com esse novo meio mas eventualmente se chateassem. O real sucesso do cinema apareceu quando começou a contar histórias, isto é, quando se transformou em um meio narrativo. O sucesso de produtores de filmes narrativos tais como Willian Paul na Inglaterra e Charles Pathé na França foi baseado em sua entrada em uma economia industrial. A indústria francesa logo descobriu que era interessante fazer um grande número de cópias e distribuí-las por todo o mundo. Ela desenvolveu um sistema de produção industrial similar àquela da imprensa, com a qual ela produziu um filme por semana e, mais tarde, muitos outros (Abel, 1995).

    Ir ao cinema logo se transformou em um hábito regular. Os espectadores passaram a se comportar como se estivessem em concertos. Por exemplo, em 1912 um jornalista venetiano escreveu:

    o cinema mais bonito é aquele de Sant Margeria. Onde as mulheres da classe trabalhadora vão... Oh! Como aplaudem em determinadas cenas. Hordas de crianças às vezes para ver uma série de paisagens e descobrir cenas vulgar: "não pode beijar na boca" e o público responde "sim"; "ninguém toca nos meus lábios" e o público responde novamente "sim". (Turnaturi, 1995)

    Nos Estados Unidos o novo meio de entretenimento atraiu uma grande população imigrante em particular (Sklar, 1975). O cinema narrativo transformou-se em um grande consumidor de cenários, às vezes encontrando legitimação na literatura. Isso era como a cultura de classes ficaria interessada neste meio novo que se transformou gradualmente na sétima arte. Como afirma a historiadora italiana Gabriella Turnaturi (1995), na véspera da Primeira Guerra Mundial "um processo lento e difícil de unificação dos costumes, cultura e tradições ocorreu por todo lugar na aprendizagem de uma língua comum nos obscuros salões do cinema".

    Quando o cinema tornou-se parte da emergência do entretenimento urbano coletivo, o final do século dezenove também viu o advento do entretenimento em casa. A retirada para casa, apontada por historiadores da vida privada, foi refletida principalmente no surgimento da vida musical privada que adotou o piano como o instrumento principal. O piano transformou-se em um elemento emblemático do mobiliário da classe média. Deveria trazer a música pública para esfera privada, uma transformação conseguida com uma atividade muito específica na escritura da música: a redução. Compositores arranjaram contagens escritas para uma orquestra em partes para o piano. Este mesmo fenômeno de adaptação pode ser encontrado no começo do jazz nos Estados Unidos, onde as publicações simplificaram a complexidade rítmica da dança. Na tradicional Escola de Frankfurt, esta atividade da adaptação e redução era denunciada: o mercado capitalista estava matando a arte. Nós não podemos considerar, pelo contrário, que estas folhas da contagem eram o instrumento de mediação entre a música pública e a privada?

    Mas a música para pianistas amadores era não somente música escolarizada. Um mercado muito grande desenvolveu-se para as folhas de música para canções. Em alguns casos mais de um milhão de cópias das então chamadas "canções nobres" foram impressas. Cantar estas canções, acompanhadas pelo piano, era uma característica importante de entretenimento doméstico das classes alta e média. Estima-se que por volta de 1914 um quarto das casas inglesas tinha um piano (Ehrlich, 1976).

    Foi neste contexto que o fonógrafo apareceu. Este dispositivo encontrou logo um lugar na esfera doméstica. Nos Estados Unidos 3% de todas as casas tinham um em 1900, 15% em 1910 e 50% em 1920. O primeiro catálogo tinha canções, baladas populares ou algumas boas sinfonias. O segundo catálogo foi criado mais tarde, consistindo em uma operação de áreas maiores (Gelatt, 1965). Enquanto alguns cantores estavam começando a ser muito popular, as gravações fonográficas permitiam às pessoas recordar melodias e canções populares que já tivessem ouvido. Como Walter Benjamin disse "a arte da coleção é uma forma prática de re-recordar" (1989: 222). Este gosto pela coleção concerniu não somente registros mas também fotografias e postcards. Os últimos foram usados para emitir retratos de edifícios históricos àqueles que não podiam viajar. O mesmo aplicou-se aos registros que encontraram um público entre aqueles que não poderiam ir à ópera e poderiam assim escutar "a seleção mais encantadora dos melhores cantores do mundo" [3] em casa.

    Assim a fonografia, como o piano, era não somente um instrumento que permitiu que uma atividade musical privada fosse substituída pela pública. Foi também devido a este dispositivo que a música para mostras esteve arranjada para a música em casa (ver Flichy, 1995: 67-75).

    Rádio e televisão, meios da família

    Entre as duas guerras, o rádio substituiu recordes a uma larga extensão. O novo meio foi apresentado como uma ferramenta permitindo às pessoas escutar jogos ou música e, casa. As propagandas apresentaram freqüentemente o rádio como um teatro na sala de estar. Os jogos "foram projetados para caber em todos os contextos da vida em família e na privacidade de casa". [4] Sobre o receptor disse-se que "todas as ondas no mundo vêm se aninhar nele". [5] Nós testemunhamos assim uma privatização da esfera pública do entretenimento. Tantos quantos os registros da hora do show, a recepção tornou-se uma atividade da família (Isola, 1990), um pequeno ritual. Era freqüentemente o pai que ajustava o rádio e o silêncio era exigido para lhe escutar. C.A. Lewis (1942), o primeiro gerente de programa na BBC, considerou que:

    transmitir significa o redescobrir em casa. Nestes dias quando a casa e o coração foram deixados em favor da multidão de outros interesses e atividades fora de casa, com a conseqüente desintegração de laços e de afeições da família, parece que esta nova maneira de persuasão pode em alguma extensão restabelecer o telhado parental em seu lugar costumeiro.

    Este meio da família foi consideravelmente bem sucedido. Nos Estados Unidos em 1927, cinco anos depois que as primeiras transmissões foram lançadas, 24% de todas as casas tinham um rádio. Em 1932, apesar da crise econômica, este número tinha-se levantado a 60%. No Reino Unido, 73% de todas as casas tinham um rádio da véspera da Segunda Guerra Mundial, e escutaram o rádio em média quatro horas diárias (Briggs, 1965:253).

    No final dos anos 1940 a televisão entrou na esfera doméstica. Contudo sua introdução nas casas ocorreu diferentemente àquela da fonografia e do rádio. Visto que no mundo de Victoriano havia uma ruptura profunda entre as esferas públicas e privadas, e as casas foram projetadas para ser um espaço fechado, o espaço doméstico do pós guerra norte-americanos construiu subúrbios em uma interação complexa entre público e privado. De acordo com Lynn Spigel, "em termos paradoxais, privacidade era algo que poderia ser apreciado somente na companhia de outra". Os subúrbios da classe média descreveram em revistas então "sugerida a nova forma da coesão social que permitiu que as pessoas fossem sozinhas e juntas ao mesmo tempo" (1992:6).

    Uma característica típica do modelo de casa desse período era uma sala de estar ampla e aberta e a "cozinha americana". Os quartos abriam para a parte externa, dando a impressão que o espaço público era uma continuação do espaço doméstico. Esta foi a nova concepção do espaço que articula público e privado que prevaleceu no nascimento da televisão. Em 1946 Thomas Hutchinson publicou uma introdução sobre este novo meio, chamado "Aqui está a televisão: Sua janela para o mundo" (Here is Televison: Your Window on the World) para o público em geral. Quatro anos mais tarde, em um outro livro para o grande público, chamado "Rádio, Televisão e Sociedade" (Radio, Television and Society), Charles Siepmann escreveu: "a televisão fornece uma extensão máxima do ambiente percebido com um mínimo do esforço... Está trazendo o mundo à porta das pessoas" (Spigel, 1992: 7).

    Este tema pode também ser encontrado nas propagandas desse período. Quando a atenção para a fonografia foi focalizada no aspecto decorativo da máquina como uma parte dos utensílios domésticos de um quarto, [6] aquelas para o rádio enfatizaram o mesmo ponto mas adicionaram a idéia de trazer os sons do mundo para casa ("todas as estradas do mundo se encontram antes de você, é uma aventura bonita, esplêndida... sente em sua poltrona!" [7]). As propagandas para a televisão mostraram o mundo. As fotografias para a tevê caracterizaram a Torre Eiffel, o Big Bem, a Estátua de Liberdade, por exemplo. Uma propaganda mostrou um campo de baseball com uma poltrona e uma televisão sobre ela com um jogador de baseball na tela.

    Esta associação da esfera doméstica com construções históricas ou cidades famosas é encontrada também na primeira série da televisão. Em "Make Roon for Daddy", o apartamento do herói tinha uma vista esplêndida de Nova Iorque. Uma das características chaves de "I Love Lucy" era que ela via os morros de Hollywood da janela de seu quarto. Estes características agem como um pano de fundo de locais prestigiosos (Spigel, 1992: 10). Um outro tema funcionou na propaganda durante esse período: a dramatização da esfera doméstica. Certamente, propagandas dirigidas à televisão como um teatro da "família", do "chairside" ou "da sala de estar" (1992: 12). Alguns mostraram uma mulher com um vestido preto assistindo à televisão prestando em casa. Isto é também um bom ritual sobre os eventos das nossas sociedades que a televisão trouxe para nossas casas: celebrações, coroações e principais eventos de esportes (Dayan e Katz, 1992).

    A associação entre a vida diária e o mundo do entretenimento sempre foi mais facilmente encontrada nas novas maneiras em que a classe média americana decora suas casas. O que em Europa é chamado de uma cozinha americana habilita as donas de casa a preparar refeições e prestar atenção à televisão. Os programas muito populares da tevê nos anos 1950 mostram também o desejo de incluir o mundo do entretenimento na vida diária. Em determinados episódios de "I Love Lucy" famosos atores de Hollywood foram convidados para jantar em diferentes casas (Mann, 1992: 44).

    Pelo contrário, a televisão nos anos 1980 tentou, mas não por muito tempo, misturar os dois ou os principais rituais orquestrados da sociedade. Em vês de os pequenos rituais da família serem organizados. Nesta nova forma que os sociólogos italianos chamaram "neo-Televisão" (Eco, 1985; Casetti e Odin, 1990), o índice de interação ou a personalidade dos participantes são ema pequena conseqüência; a única coisa que importa é sua presença. A televisão expõe a vida diária mas transforma-se também em uma referência a servir como um modelo (padrão) para a vida diária. Nós testemunhamos, assim, um jogo constante em que a televisão e a sociedade se espelham.

    Ficar junto separadamente

    Com a família reunindo-se em torno da televisão para assistir coletivamente (Meyrowitz, 1985), isto abandonou o rádio que se transformou em um meio individual. Devido à portabilidade e o baixo custo dos transistores de rádios, todos poderiam escutá-lo sozinho em seu quarto ao fazer outra coisa. Esta nova família poderia "viver junto separadamente" (Flichy, 1995: 158). Foi provavelmente com o rock que o uso do transistor e o meio relacional, o gravador, apareceram com toda a força. Visto que nos anos 1950 unir-se para escutar o rádio era decisivo, escutar foi subseqüentemente feito em casa, especial por meninas adolescentes cuja cultura se transformou em uma "cultura de quartos, o lugar onde as meninas se encontram, escutam a música e ensinam habilidades de composição e praticam seu dançar" (Frith, 1978: 64). A música rock escutada em um transistor de rádio ou um gravador deu aos adolescentes a oportunidade de controlar seu próprio espaço. Este comportamento foi parte "da casa justaposta"; que permitiu aos adolescentes a sua remoção da supervisão do adulto ao ainda viver com seus pais (Flichy, 1995: 160-5). Este troca de escutar o rádio na sala para o quarto foi conseqüentemente mais longe do que uma nova modalidade de escutar, ela era uma maneira de se afirmar, de criar uma subcultura com seu do par. Estava esta individualização de ouvir rádio tornando-se generalizada e afetando a televisão? Na metade dos anos 1980 estava longe de estudar o caso. David Morley em seu estudo social etnográfico mostra que a televisão da família tornou-se uma perpétua fonte de tensão dentro da família entre homens, mulheres, pais e crianças (Morley, 1986). Porque as famílias adquiriram mais e mais espaços e as "guerras" (Ang, 1996) na sala de estar acabaram desaparecendo. Contudo o local de tv não pode, como no exemplo do rádio transistor, desaparecer da sala de estar. Isto remanesceu como o principal ponto em torno de que a família reúne-se, quando os espaços dos quartos são menos usados. [8]

    E sobre o celular, do computador e da Internet? A pesquisa nestas áreas é ainda limitada e as conclusões finais mal podem ser extraídas. A literatura atual, contudo, nos permite elaborarmos algumas hipóteses. Na Europa o celular parece ser o dispositivo de comunicação que se desenvolveu mais rapidamente. [9] Como o rádio nos anos 1950, que se espalhou rapidamente entre a juventude. Uma vez que outra vez, este dispositivo se permite tornar mais autônomo como consideramos o celular na família, para viver assim e para estar em qualquer lugar. Contudo o telefone celular, que é sobretudo um dispositivo individual de comunicação, não parece causar o desaparecimento do telefone fixo que continua o telefone da família (Heurtin, 1998).

    Apesar do discurso sobre a revolução da sociedade de informação, temos que concordar que o microcomputador seguido por sua conexão à Internet não se espalhou tão rapidamente nas casas quanto o rádio e a televisão. [10] Nos Estados Unidos, por exemplo, demorou aproximadamente 20 anos antes que as casas fossem equipadas com pelo menos um computador (mais de um em casa e realmente raro). Parece em muitos casos um dos membros da família tende a apropria-se de seu uso. Um estudo francês mostra que em famílias ricas é freqüentemente o pai e que em famílias da classe trabalhadora é, pelo contrário, uma criança e freqüentemente o filho mais velho. Neste caso o computador é instalado em seu quarto (Jouët e Pasquier, 1999: 41). Ainda, contrario à opinião difundida, o computador não isola seus usuários de outros. Ele é caracterizado por um nível elevado de sociabilidade dentro dos grupos de pares. As pessoas novas trocam programas e vários modelos de usos mais eficientes das ferramentas e dos programas. Os video games são jogados freqüentemente coletivos. Ao lado destas redes sociais horizontais, Kirsten Drotner vê a emergência das redes verticais que funcionam entre gerações: as habilidades são passadas em não mais do mais velho para o mais novo, mas dos adolescentes aos adultos (1999: 103-4).

    Comunicação Virtual

    Embora o computador e a Internet, ao contrário do rádio, da televisão e do telefone móvel, sejam ferramentas pessoais, elas não são caracterizadas por relações sociais complexas em grupos de pares e entre gerações. A sociabilidade entre internautas tem também um outro grau de complexidade: o fato que o indivíduo pode se comunicar anonimamente através de um pseudônimo, possuir diversos pseudônimos e conseqüentemente diversas personalidades. Os sociólogos franceses já tinham observado o fenômeno com o minitel. Usuários dos fóruns do minitel esperavam não somente por dar a si mesmos uma nova identidade mas também a vantagem de com sua máscara poder ter um comportamento social diferente, revelar outras faces de si mesmos e melhorar assim a exposição sua verdadeira identidade (Jouët, 1991; Toussaint, 1991). Sherryu Turkle estudou a questão das múltiplas identidades na Internet e especialmente nos MUDs. Um de seus entrevistados declarou: "eu não sou uma coisa, sou muitas coisas. Cada parte começa ser expressa mais inteiramente no MUDs do que no mundo real. Assim mesmo que eu jogue mais de um pensamento no MUD, eu me sinto mais eu mesmo quando eu estou MUDando" (Turkle, 1997: 185). Estas diferentes vidas podem ser vividas simultaneamente em diferentes janelas na mesma tela de computador. "Eu racho minha mente, falo com uma outra pessoa, posso me ver como sendo dois ou três ou mais. E eu volto apenas sobre uma porção de minha mente ou então outra quando eu vou de janela à janela" (Turkle, 1996: 194). Nós estamos ingressando em uma crise de identidade? Ou podemos considerar, como Turkle, que este coexistência de diferentes identidades é uma das características de nossa idade pós moderna?

    Conclusão

    Hoje a Intenet constitui a última fase na história de tecnologias de comunicação e informação. Mas a rede de trabalhos em rede também é um caso particularmente interessante desde que nos habilitou a reconsiderar a maioria dos pontos considerados neste capítulo. Esta é simplesmente uma das versões possíveis das redes digitais. É o resultado de uma longa historia que começou nos anos 1960. Quando a IBM e a AT&T tiveram a competência para lançar uma rede digital, com a colaboração de acadêmicos e dos hackers, com financiamento militar, isso gerou esta rede. As escolhas iniciais eram profundamente mercadas pelas representações destes atores que sonharam em se comunicar em uma rede livre, universal e não hierarquizada. Era a mesma utopia que foi espalhada pela mídia nos anos 1990. Pelo contrário, a difusão da nova tecnologia no mundo das corporações combina um modelo centralizado dos computadores de grande porte e um modelo mais aberto lançado pelo microcomputador. Em casa, a Internet combina características de diversos meios da comunicação e da informação. É uma ferramenta para a interação interpessoal e uma comunicação coletiva entre grupos virtuais, mas também um novo meio novo com múltiplas fontes de informação. Mas esta ferramenta da comunicação e da informação multiforme tende também a indeterminar a separação entre o profissional e as esferas privadas. Facilitou o trabalhar em casa e, às vezes, atendeu às coisas pessoais no trabalho. Ao contrário do rádio e da televisão em uma mão e do telefone na outra, que foram rapidamente padronizados em torno de um modelo econômico e de um formato de mídia, a Internet é fundamentalmente heterogênea. Esta diversidade é um recurso chave. Em conseqüência, o uso da Internet não pode ser unificado em torno de um modelo econômico ou de um formato comunicacional. Ela não é um meio mas um sistema que está tendendo a se tornar tão complexo quanto a sociedade a que se reivindica ser uma cópia virtual.

    NOTAS

    1. Pelo contrário, no ano de 1990 o minitel estagnou. O monopólio da France Télécom impediu todo o desenvolvimento de sistemas. Ele logo seria visto como obsoleto ao ser comparado à Internet.
    2. Sobre a história da Machintosh ver também Levy (1994), e de um modo geral, sobre a história da Apple, ver Carlton (1997).
    3. O slogan anunciado com a etiqueta vermelha foi lançado pela Companhia Gramofone em 1902.
    4. "Le 12ème salon de la TSF", L'Illustration, 12 de outubro de 1935. Suplemento: xx.
    5. L'Illustration, 7 de setenbro de 1935. Anúncios: viii.
    6. Ver o catálogo Archeoform (1989), Milano, Electra.
    7. "Le 12ème salon de la TSF", L'Illustration, 12 de outubro de 1935. Suplemento: xxi.
    8. Sonia Livingstone (1999: 81) contesta este tese é surpreende de uma forma que eu jamais vi entre a evolução do rádio e aquela da televisão. Embora os hábitos tenham mudado bastante nos anos 1990remanecse o fato que a individualização ao assistir à tv foi somente parcial, ao contrário daquela ao se escutar o rádio.
    9. Comparações históricas são difíceis neste domínio histórico. Na mídia audiovisual o número de movimentos é contado por casas e nas telecomunicações o número de movimentos é contado a cada cem habitantes. Esta relação não distingue equipamentos de negócios de equipamentos domésticos, e para os telefones móveis precisa-se fazer o exame da compra e então o coletivo é mais freqüente que o individual.
    10. Muitos autores defendem um ponto de vista oposto. Ver Morgan Stanley Research Group que classifica rapidamente a penetração de diferentes tecnologias de comunicação, citada em "State of the Internet: USICs relatado nos usos e ameaças em 1999", http://www.usic.org/usic99. Esta diferença nas astes de avaliação provém do fato de que estes autores iniciaram a partir da invenção da técnica e não desde o início da distribuição da sociedade como um todo, este é o ponto de partida desta difusão.


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    Traduzido por Ana Paula Rocha da Silva. Tradução ainda não revisada.







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